quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Tentando entender o mundo!!!


BRASIL FAZ O JOGO DO IMPERIALISMO NO HAITI
Didier Dominique, professor universitário haitiano:

"O povo odeia as forças de ocupação da ONU".
Texto e foto: Bruno Zornitta - contato@fazendomedia.com
A ocupação militar no Haiti é parte de um projeto definido pela política dos governos estadunidenses, organizado pelas multinacionais - principalmente dos EUA e Canadá - e aplicado pela burguesia haitiana do ramo têxtil. A denúncia foi feita pelo professor da Universidade Federal do Haiti e coordenador do movimento Batalha Operária Didier Dominique, em entrevista coletiva realizada no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro na última sexta-feira, dia 9 de março de 2007.
No mesmo dia, o professor participou de um debate no Sindicato dos Engenheiros do Rio (Senge-RJ), que reuniu diversos movimentos sociais. Didier está em caravana pelo Brasil, com sua esposa, a antropóloga Rachel Beauvoir Dominique, pela ampliação da campanha em apoio ao Haiti, a favor da retirada das tropas estrangeiras, do fim do saque financeiro e da reparação das dívidas históricas, sociais e ecológicas com aquele país.
"O povo odeia as forças de ocupação da Minustah (Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti), diferentemente do que mostra a mídia. O que são forças de paz? Paz para a exploração burguesa? Paz para a dominação imperialista? Paz de cemitério? Na verdade, a solidariedade do governo brasileiro, supostamente com o Haiti, é uma solidariedade de classes dominantes do Brasil, do Haiti e dos EUA para a exploração da mão-de-obra haitiana. Isso está claro", afirma Didier.

Destruindo a economia
A ocupação econômica do Haiti precedeu a ocupação militar. Didier conta que a estratégia começou na época em que Ronald Regan era o presidente estadunidense, com a aprovação do Caribbean Basin Initiative [ver www.mac.doc.gov/CBI], tratado comercial que tinha o objetivo de proletarizar as massas dos países da América Central e Caribe para que estas servissem de mão-de-obra barata às fábricas de tecido. Empresas estadunidenses e canadenses, como Levy-Strauss, Gap, Wangler, Disney e Sara Lee, foram para o México primeiro, depois para a América Central - Honduras, Nicarágua, Guatemala, El Salvador - e finalmente para o Caribe. "Isso já estava planejado. É uma coisa importante que quero dizer. É um plano escrito, pensado e aplicado pelos governos estadunidenses", diz o professor.

O plano em questão consistiu em destruir os principais eixos da economia haitiana. Nesse sentido, por pressão dos produtores de carne estadunidenses e com o pretexto de uma onda de febre suína, os EUA mataram todos os porcos crioulos do Haiti, entre 1978 e 1982. Naquele ano, o Haiti era o principal produtor de carne suína do Caribe, com mais de 2 milhões de cabeças. Os EUA e o BID gastaram 25 milhões de dólares para matar os porcos, em um processo que gerou muito desmatamento e violência perante a resistência dos camponeses. O relatório da Missão Internacional de Investigação e Solidariedade com o Haiti, que esteve no país em 2005 e 2006, aponta os responsáveis por esse crime: Governo dos EUA, FAO, Usaid e BID.
Além disso, foram sabotadas também as indústrias de açúcar, arroz e café haitianos. Durante a década de 80, engenhos de açúcar foram comprados e fechados pelas multinacionais. O Haiti, que antes tinha açúcar para todo o povo e ainda exportava o excedente, hoje importa 100% do que consome. Na década de 90, foram firmados acordos com a Rice Corporation, que praticoudumping (mecanismo que consiste em embutir subsídios para competir de forma desigual) com o arroz estadunidense. Em três anos, a produção caiu 70%. Hoje o arroz estadunidense é vendido bem caro, mas já não há produção haitiana. E o café sofre com a falta de mão-de-obra, devido à decomposição do mundo rural, que causou migração para as cidades e o conseqüente inchaço das favelas.

As zonas francas e a neo-escravidão
A estratégia de ocupação econômica inclui o estabelecimento de "zonas francas" no Haiti, áreas que as multinacionais arrendam do Estado para construir suas fábricas. São áreas onde o Estado haitiano não tem jurisdição, como a área de uma embaixada. Também não há instância internacional que possa julgar as multinacionais que atuam nas zonas francas, o que na prática as transforma em "terra sem lei", favorecendo a exploração injusta dos trabalhadores. O acordo que permitiu o estabelecimento de zonas francas no Haiti foi assinado em 2002 pelo então presidente Aristide e isenta as multinacionais de qualquer pagamento de impostos.

A mão-de-obra barata nas zonas francas tem grande importância para as outras indústrias, porque baixam os salários, que são definidos nessas zonas, e não pela indústria nacional. As multinacionais, nessa lógica de exploração, necessitam da miséria generalizada do povo, para que o trabalhador busque emprego nas zonas francas, pois fora delas a situação chega a ser pior. Didier conta que a burguesia haitiana vê a mão-de-obra barata como uma "vantagem comparativa" do país. A mão-de-obra no Haiti é a mais barata de todo o continente.

Interesses militares
Com o terrorismo econômico praticado contra o Haiti, a polícia do país em um dado momento se viu incapaz de manter a ordem. Por isso, a ONU, a convite dos governos e partidos políticos haitianos, enviou as forças armadas. Em 1° de junho de 2004 chega ao país a Minustah, comandada pelo Brasil.

As forças de ocupação estão integradas por 7.495 efetivos de aproximadamente 30 países de todos os continentes. "É importante notar que Cuba e Venezuela não participam. Bolívia e Equador estão agora retirando suas forças, depois da eleição de Evo Morales e Rafael Correa. Note também que Zapatero tirou as tropas do Iraque e do Haiti quando tornou-se primeiro ministro na Espanha. Havia 300 espanhóis no Haiti", diz Didier. O Brasil, na opinião do professor, faz o jogo do império estadunidense no Haiti, em busca de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
São muitos os interesses em jogo na ocupação. O relatório da Missão Internacional de Investigação e Solidariedade com o Haiti levanta uma série de perguntas: "Qual é a 'ameaça à paz e a segurança internacional da região' levantada pelo Conselho de Segurança da ONU para justificar o estabelecimento da Minustah? É o temor dos EUA de receber mais uma onda de refugiados haitianos, fugindo da pobreza e da exclusão em embarcações precárias? É a possibilidade de perder o controle sobre uma zona geopolítica estratégica? A simultaneidade da revolta no Haiti e o aumento das pressões de Washington sobre a Venezuela e a multiplicação das ameaças dos EUA a Cuba é simplesmente uma coincidência?".
A essa última questão, Didier responde que os EUA estão construindo uma base militar a noroeste do país, em frente ao litoral cubano, e negociando outra base ao sul, frente à Venezuela. Ou seja, a localização do país é extremamente importante na estratégia imperialista dos Estados Unidos para a América Latina e o Caribe.
Para o professor e militante do movimento social haitiano só há uma saída para reverter esse quadro: a mobilização do povo, seguindo seus próprios interesses, com autonomia. "Nossa campanha não é de solidariedade com o Haiti, mas como o povo haitiano, com as lutas do povo", afirma Didier.

Brasil 26 de outubro de 2011 ou seria 1500?


20 mil escravos no País
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou ontem (25) um perfil do trabalho escravo rural no Brasil, indicando que 81% das pessoas que vivem em condições análogas à escravidão são negras, jovens e com baixa escolaridade.


O estudo foi feito a partir de entrevistas com pessoas libertadas, aliciadores e empregadores em fazendas do Pará, Mato Grosso, Bahia e Goiás entre 2006 e 2007.

Além da predominância da raça negra, o documento aponta que cerca de 93% dessas pessoas iniciaram a vida profissional antes dos 16 anos, o que configura trabalho infantil, e que quase 75% delas são analfabetas. O estudo identificou que a maioria dos empregadores e dos aliciadores, os chamados "gatos", é branca.

Para o coordenador da área de combate ao trabalho escravo da OIT, Luiz Machado, o dado reflete a condição de vulnerabilidade da população mais pobre ao trabalho escravo, composta maioritariamente por negros. "Isso é um resquício da exploração colonial", atestou. O fato de não terem frequentado escolas na infância também é destacado pelo coordenador como um indutor do problema. "O trabalho infantil tira as possibilidades futuras e facilita o caminho ao trabalho escravo. Pessoas sem escolaridade não têm oportunidades."

O Ministério Público do Trabalho (MPT) estima que cerca de 20 mil pessoas estejam submetidas ao trabalho forçado ou degradante no Brasil hoje. Desde 1995, mais de 40 mil trabalhadores foram libertados no país, que assumiu um compromisso internacional para erradicar a prática até 2015. A coordenadora nacional de Combate ao Trabalho Escravo do MPT, Débora Tito, relata que as políticas sobre o tema têm se concentrado no que ela chama "pedagogia do bolso".

A ideia é enfrentar o problema por meio de multas altas e da inserção de nomes de empregadores em cadastros negativos para que deixem de conseguir financiamentos de bancos. "Temos que tornar essa prática economicamente inviável, para que os fazendeiros parem de economizar à custa da dignidade do trabalhador", disse a procuradora. Segundo ela, a pena para punir o empregador de trabalho análogo ao escravo é de dois a oito anos de prisão, mas existem poucas condenações no país.

JC e-mail 4372, de 26 de Outubro de 2011


Para quem interessar o estudo completo.


http://www.oit.org.br/sites/default/files/topic/forced_labour/doc/perfilescravofim_624.pdf

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pra tentar entender a ordem mundial!!!

Olá Querida Internet,

Este vídeo pode ajudar a entender o que está acontecendo com o mundo. Todo povo tem o governo que merece, ou mudamos nossa cabeça ou baixamos ela.

'Immanuel Wallerstein: "O capitalismo chegou ao fim da linha"'

Olá Internet,

Entrevista com o sociólogo americano Immanuel Wallerstein sobre a atual situação do capitalismo no mundo e suas perspectivas. Indicação do grande amigo Vancarder.

Há exatamente dois anos, você disse ao RT que o colapso real da economia ainda demoraria alguns anos. Esse colapso está acontecendo agora?
Não, ainda vai demorar um ano ou dois, mas está claro que essa quebra está chegando.
Quem está em maiores apuros: Os Estados Unidos, a União Europeia ou o mundo todo?
Na verdade, o mundo todo vive problemas. Os Estados Unidos e União Europeia, claramente. Mas também acredito que os chamados países emergentes, ou em desenvolvimento – Brasil, Índia, China – também enfrentarão dificuldades. Não vejo ninguém em situação tranquila.
Você está dizendo que o sistema financeiro está claramente quebrado. O que há de errado com o capitalismo contemporâneo?
Essa é uma história muito longa. Na minha visão, o capitalismo chegou ao fim da linha e já não pode sobreviver como sistema. A crise estrutural que atravessamos começou há bastante tempo. Segundo meu ponto de vista, por volta dos anos 1970 – e ainda vai durar mais uns vinte, trinta ou quarenta anos. Não é uma crise de um ano, ou de curta duração: é o grande desabamento de um sistema. Estamos num momento de transição. Na verdade, na luta política que acontece no mundo — que a maioria das pessoas se recusa a reconhecer — não está em questão se o capitalismo sobreviverá ou não, mas o que irá sucedê-lo. E é claro: podem existir dois  pontos de vista extremamente diferentes sobre o que deve tomar o lugar do capitalismo.
Qual a sua visão?
Eu gostaria de um sistema relativamente mais democrático, mais relativamente igualitário e moral. Essa é uma visão, nós nunca tivemos isso na história do mundo – mas é possível. A outra visão é de um sistema desigual, polarizado e explorador. O capitalismo já é assim, mas pode advir um sistema muito pior que ele. É como vejo a luta política que vivemos. Tecnicamente, significa é uma bifurcação de um sistema.
Então, a bifurcação do sistema capitalista está diretamente ligada aos caos econômico?
Sim, as raízes da crise são, de muitas maneiras, a incapacidade de reproduzir o princípio básico do capitalismo, que é a acumulação sistemática de capital. Esse é o ponto central do capitalismo como um sistema, e funcionou perfeitamente bem por 500 anos. Foi um sistema muito bem sucedido no que se propõe a fazer. Mas se desfez, como acontece com todos os sistemas.
Esses tremores econômicos, políticos e sociais são perigosos? Quais são os prós e contras?
Se você pergunta se os tremores são perigosos para você e para mim, então a resposta é sim, eles são extremamente perigosos para nós. Na verdade, num dos livros que escrevi, chamei-os de “inferno na terra”. É um período no qual quase tudo é relativamente imprevisível a curto prazo – e as pessoas não podem conviver com o imprevisível a curto prazo. Podemos nos ajustar ao imprevisível no longo prazo, mas não com a incerteza sobre o que vai acontecer no dia seguinte ou no ano seguinte. Você não sabe o que fazer, e é basicamente o que estamos vendo no mundo da economia hoje. É uma paralisia, pois ninguém está investindo, já que ninguém sabe se daqui a um ano ou dois vai ter esse dinheiro de volta. Quem não tem certeza de que em três anos vai receber seu dinheiro, não investe – mas não investir torna a situação ainda pior. As pessoas não sentem que têm muitas opções, e estão certas, as opções são escassas.
Então, estamos nesse processo de abalos, e não existem prós ou contras, não temos opção, a não ser estar nesse processo. Você vê uma saída?
Sim! O que acontece numa bifurcação é que, em algum momento, pendemos para um dos lados, e voltamos a uma situação relativamente estável. Quando a crise acabar, estaremos em um novo sistema, que não sabemos qual será. É uma situação muito otimista no sentido de que, na situação em que nos encontramos, o que eu e você fizermos realmente importa. Isso não acontece quando vivemos num sistema que funciona perfeitamente bem. Nesse caso, investimos uma quantidade imensa de energia e, no fim, tudo volta a ser o que era antes. Um pequeno exemplo. Estamos na Rússia. Aqui aconteceu uma coisa chamada Revolução Russa, em 1917. Foi um enorme esforço social, um número incrível de pessoas colocou muita energia nisso. Fizeram coisas incríveis, mas no final, onde está a Rússia, em relação ao lugar que ocupava em 1917? Em muitos aspectos, está de volta ao mesmo lugar, ou mudou muito pouco. A mesma coisa poderia ser dita sobre a Revolução Francesa.
O que isso diz sobre a importância das escolhas pessoais?
A situação muda quando você está em uma crise estrutural. Se, normalmente, muito esforço se traduz em pouca mudança, nessas situações raras um pequeno esforço traz um conjunto enorme de mudanças – porque o sistema, agora, está muito instável e volátil. Qualquer esforço leva a uma ou outra direção. Às vezes, digo que essa é a “historização” da velha distinção filosófica entre determinismo e livre-arbítrio. Quando o sistema está relativamente estável, é relativamente determinista, com pouco espaço para o livre-arbítrio. Mas, quando está instável, passando por uma crise estrutural, o livre-arbítrio torna-se importante. As ações de cada um realmente importam, de uma maneira que não se viu nos últimos 500 anos. Esse é meu argumento básico.
Você sempre apontou Karl Marx como uma de suas maiores influências. Você acredita que ele ainda seja tão relevante no século 21?
Bem, Karl Marx foi um grande pensador no século 19. Ele teve todas as virtudes, com suas ideias e percepções, e todas as limitações, por ser um homem do século 19. Uma de suas grandes limitações é que ele era um economista clássico demais, e era determinista demais. Ele viu que os sistemas tinham um fim, mas achou que esse fim se dava como resultado de um processo de revolução. Eu estou sugerindo que o fim é reflexo de contradições internas. Todos somos prisioneiros de nosso tempo, disso não há dúvidas. Marx foi um prisioneiro do fato de ter sido um pensador do século 19; eu sou prisioneiro do fato de ser um pensador do século 20.
Do século 21, agora.
É, mas eu nasci em 1930, eu vivi 70 anos no século 20, eu sinto que sou um produto do século 20. Isso provavelmente se revela como limitação no meu próprio pensamento.
Quanto – e de que maneiras – esses dois séculos se diferem? Eles são realmente tão diferentes?
Eu acredito que sim. Acredito que o ponto de virada deu-se por volta de 1970. Primeiro, pela revolução mundial de 1968, que não foi um evento sem importância. Na verdade, eu o considero o evento mais significantes do século 20. Mais importante que a Revolução Russa e mais importante que os Estados Unidos terem se tornado o poder hegemônico, em 1945. Porque 1968 quebrou a ilusão liberal que governava o sistema mundial e anunciou a bifurcação que viria. Vivemos, desde então, na esteira de 1968, em todo o mundo.
Você disse que vivemos a retomada de 68 desde que a revolução aconteceu. As pessoas às vezes dizem que o mundo ficou mais valente nas últimas duas décadas. O mundo ficou mais violento?
Eu acho que as pessoas sentem um desconforto, embora ele talvez não corresponda à realidade. Não há dúvidas de que as pessoas estavam relativamente tranquilas quanto à violência em 1950 ou 1960. Hoje, elas têm medo e, em muitos sentidos, têm o direito de sentir medo.
Você acredita que, com todo o progresso tecnológico, e com o fato de gostarmos de pensar que somos mais civilizados, não haverá mais guerras? O que isso diz sobre a natureza humana?
Significa que as pessoas estão prontas para serem violentas em muitas circunstâncias. Somos mais civilizados? Eu não sei. Esse é um conceito dúbio, primeiro porque o civilizado causa mais problemas que o não civilizado; os civilizados tentam destruir os bárbaros, não são os bárbaros que tentam destruir os civilizados. Os civilizados definem os bárbaros: os outros são bárbaros; nós, os civilizados.
É isso que vemos hoje? O Ocidente tentando ensinar os bárbaros de todo o mundo?
É o que vemos há 500 anos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Alguma Coisa está fora da ordem!!!

Olá Internet,

Algo acontece no mundo. Será que a revolução vai ser televisionada? ou twuitada?

Viva o Brasil!!!

Querida internet,

Não sei porque me assustam noticias como essa. Enquanto isso o governo deu 4% de aumento para os professores e ainda escutei de estudantes que professor ganha muito e não tem o direito a greve!!!! Viva o Brasil e nossa juventude!!!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pra pensar um pouco e sorrir

Zizek: o casamento entre democracia e capitalismo acabou


O filósofo e escritor esloveno Slavoj Zizek visitou a acampamento do movimento Ocupar Wall Street, no parque Zuccotti, em Nova York e falou aos manifestantes. “Estamos testemunhando como o sistema está se autodestruindo. "Quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou". Leia a íntegra do pronunciamento de Zizek.

Durante o crash financeiro de 2008, foi destruída mais propriedade privada, ganha com dificuldades, do que se todos nós aqui estivéssemos a destruí-la dia e noite durante semanas. Dizem que somos sonhadores, mas os verdadeiros sonhadores são aqueles que pensam que as coisas podem continuar indefinidamente da mesma forma.

Não somos sonhadores. Somos o despertar de um sonho que está se transformando num pesadelo. Não estamos destruindo coisa alguma. Estamos apenas testemunhando como o sistema está se autodestruindo.

Todos conhecemos a cena clássica do desenho animado: o coiote chega à beira do precipício, e continua a andar, ignorando o fato de que não há nada por baixo dele. Somente quando olha para baixo e toma consciência de que não há nada, cai. É isto que estamos fazendo aqui.

Estamos a dizer aos rapazes de Wall Street: “hey, olhem para baixo!”

Em abril de 2011, o governo chinês proibiu, na TV, nos filmes e em romances, todas as histórias que falassem em realidade alternativa ou viagens no tempo. É um bom sinal para a China. Significa que as pessoas ainda sonham com alternativas, e por isso é preciso proibir este sonho. Aqui, não pensamos em proibições. Porque o sistema dominante tem oprimido até a nossa capacidade de sonhar.

Vejam os filmes a que assistimos o tempo todo. É fácil imaginar o fim do mundo, um asteróide destruir toda a vida e assim por diante. Mas não se pode imaginar o fim do capitalismo. O que estamos, então, a fazer aqui?

Deixem-me contar uma piada maravilhosa dos velhos tempos comunistas. Um fulano da Alemanha Oriental foi mandado para trabalhar na Sibéria. Ele sabia que o seu correio seria lido pelos censores, por isso disse aos amigos: “Vamos estabelecer um código. Se receberem uma carta minha escrita em tinta azul, será verdade o que estiver escrito; se estiver escrita em tinta vermelha, será falso”. Passado um mês, os amigos recebem uma primeira carta toda escrita em tinta azul. Dizia: “Tudo é maravilhoso aqui, as lojas estão cheias de boa comida, os cinemas exibem bons filmes do ocidente, os apartamentos são grandes e luxuosos, a única coisa que não se consegue comprar é tinta vermelha.”

É assim que vivemos – temos todas as liberdades que queremos, mas falta-nos a tinta vermelha, a linguagem para articular a nossa ausência de liberdade. A forma como nos ensinam a falar sobre a guerra, a liberdade, o terrorismo e assim por diante, falsifica a liberdade. E é isso que estamos a fazer aqui: dando tinta vermelha a todos nós.

Existe um perigo. Não nos apaixonemos por nós mesmos. É bom estar aqui, mas lembrem-se, os carnavais são baratos. O que importa é o dia seguinte, quando voltamos à vida normal. Haverá então novas oportunidades? Não quero que se lembrem destes dias assim: “Meu deus, como éramos jovens e foi lindo”.

Lembrem-se que a nossa mensagem principal é: temos de pensar em alternativas. A regra quebrou-se. Não vivemos no melhor mundo possível, mas há um longo caminho pela frente – estamos confrontados com questões realmente difíceis. Sabemos o que não queremos. Mas o que queremos? Que organização social pode substituir o capitalismo? Que tipo de novos líderes queremos?

Lembrem-se, o problema não é a corrupção ou a ganância, o problema é o sistema. Tenham cuidado, não só com os inimigos, mas também com os falsos amigos que já estão trabalhando para diluir este processo, do mesmo modo que quando se toma café sem cafeína, cerveja sem álcool, sorvete sem gordura.

Vão tentar transformar isso num protesto moral sem coração, um processo descafeinado. Mas o motivo de estarmos aqui é que já estamos fartos de um mundo onde se reciclam latas de coca-cola ou se toma um cappuccino italiano no Starbucks, para depois dar 1% às crianças que passam fome e fazer-nos sentir bem com isso. Depois de fazer outsourcing ao trabalho e à tortura, depois de as agências matrimoniais fazerem outsourcing da nossa vida amorosa, permitimos que até o nosso envolvimento político seja alvo de outsourcing. Queremos ele de volta.

Não somos comunistas, se o comunismo significa o sistema que entrou em colapso em 1990. Lembrem-se que hoje os comunistas são os capitalistas mais eficientes e implacáveis. Na China de hoje, temos um capitalismo que é ainda mais dinâmico do que o vosso capitalismo americano. Mas ele não precisa de democracia. O que significa que, quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou.

A mudança é possível. O que é que consideramos possível hoje? Basta seguir os meios de comunicação. Por um lado, na tecnologia e na sexualidade tudo parece ser possível. É possível viajar para a lua, tornar-se imortal através da biogenética. Pode-se ter sexo com animais ou qualquer outra coisa. Mas olhem para os terrenos da sociedade e da economia. Nestes, quase tudo é considerado impossível. Querem aumentar um pouco os impostos aos ricos? Eles dizem que é impossível. Perdemos competitividade. Querem mais dinheiro para a saúde? Eles dizem que é impossível, isso significaria um Estado totalitário. Algo tem de estar errado num mundo onde vos prometem ser imortais, mas em que não se pode gastar um pouco mais com cuidados de saúde.

Talvez devêssemos definir as nossas prioridades nesta questão. Não queremos um padrão de vida mais alto – queremos um melhor padrão de vida. O único sentido em que somos comunistas é que nos preocupamos com os bens comuns. Os bens comuns da natureza, os bens comuns do que é privatizado pela propriedade intelectual, os bens comuns da biogenética. Por isto e só por isto devemos lutar.

O comunismo falhou totalmente, mas o problema dos bens comuns permanece. Eles dizem-nos que não somos americanos, mas temos de lembrar uma coisa aos fundamentalistas conservadores, que afirmam que eles é que são realmente americanos. O que é o cristianismo? É o Espírito Santo. O que é o Espírito Santo? É uma comunidade igualitária de crentes que estão ligados pelo amor um pelo outro, e que só têm a sua própria liberdade e responsabilidade para este amor. Neste sentido, o Espírito Santo está aqui, agora, e lá em Wall Street estão os pagãos que adoram ídolos blasfemos.

Por isso, do que precisamos é de paciência. A única coisa que eu temo é que algum dia vamos todos voltar para casa, e vamos voltar a encontrar-nos uma vez por ano, para beber cerveja e recordar nostalgicamente como foi bom o tempo que passámos aqui. Prometam que não vai ser assim. Sabem que muitas vezes as pessoas desejam uma coisa, mas realmente não a querem. Não tenham medo de realmente querer o que desejam. Muito obrigado

Tradução de Luis Leiria

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Três salves ao capitalismo!!!

Essa semana o mundo parou para comentar a morte de Steve Jobs a mente por trás da Apple. Varias manifestações na internet podem ser vistas nos quatro cantos do mundo. Noticiários sobre a mente brilhante deste homem, sobre a falta que ele vai fazer etc. etc. etc.  Mas o que realmente este homem fez para merecer tantas homenagens? Basicamente, podemos concluir que ele fez o que todo dono de multinacional quer, tornar seu produto desejado por todos, ou seja, aguçou ao máximo o espirito capitalista mundial. Quem não quer ter um IPhone? um IPad? ou um "I" qualquer feito pela Apple? vale lembrar que sempre foi muito claro que o público alvo da Apple eram os mais favorecidos de todas as sociedades. Vejo a morte do Steve Jobs como um grande retrato da nossa sociedade, onde valemos pelo que temos. Eu também quero um IPad, pois também estou imerso neste ambiente, mas transformar esse desejo, ou melhor, o homem que me deu esse desejo em Deus ai já estamos invertendo os valores demais. 

Enquanto o  mundo exalava homenagens a Steve Jobs, no Congo estão morrendo 700 crianças diariamente por falta de alimentos, outras milhares estão subnutridas. E eu não vou falar nas guerras civis que devastam a região e que o mundo ocidental e capitalista tá cagando e andando.  Não vamos deixar uma vida valer mais que outra. Se pelo menos o Steve Jobs tivesse feito algo a mais do que apenas alimentar nosso lado consumista. Não vejo homenagens a os mortos no massacre em Ruanda, ou aos mortos na Etiopia. Para os que não sabem do que estou falando ai vai um pequeno vídeo e três vivas ao capitalismo!!!!!


   

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tentando entender o mundo

Olá,

Este documentário mostra a trajetória de Jim Jones e seus discípulos. Qualquer semelhança com a realidade que vemos hoje não é mera coincidência. Povo que não conhece história, está condenado a repeti-la.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Tentando entender o que acontece no mundo

Olá,

Este vídeo é um documentário sobre o que está acontecendo com a Somália, mostrando quem são realmente os Piratas!!!



terça-feira, 4 de outubro de 2011

Universidade, Teu nome é EGO!!!!!!!!!

Olá aprazível internet,

Quando eu tinha 15 anos um dos meu maiores temores era o famigerado vestibular. O que seria da minha vida se eu não entrasse na universidade? Enfim, em 1997 lá estava eu iniciando meu futuro e logo aquele medo foi se desfazendo, pelo menos até eu chegar perto do fim do curso. Uma nova pergunta me perturbava, o que eu vou ser apenas com minha graduação? e lá fui eu fazer pós-graduação. Neste momento meu grande sonho era ser professor universitário, que terminei realizando em 2006. Nesta data foi que descobri o que era a universidade, quase 10 anos depois. O que seria um ambiente democrático e de ampla discussão, se transformou rapidamente em um ambiente de vaidades, onde impera a falsa democracia e a lei é ter poder. Não pense que sou apenas um ressentido, é só conversar 5 minutos com algum "doutor" que você vai entender o que estou falando. Neste jogo acadêmico subverteram o sentido proposto por Platão e você vale por quem são seus amigos, não adianta argumentar, em um ambiente de guerra quem atira por ultimo morre. Falo isso pelo que venho vivenciando nestes 5 anos de universidades  como professor, ou você é amigo do Rei ou você esta condenado a senzala. E não pensem que mérito vai levar você ao apogeu, se você não fizer aliados você não é nada e vai morrer no meio de tanto EGO!!! Nesta universidade que se instalou no Brasil as pessoas acham que valem mais do que o conhecimento, e fazem de tudo para se perpetuar neste mundo de "poder". Não me estranhar a decadência da mesma acompanhar a decadência do Brasil, visto que, as praticas exercidas por nossos governantes parecem ser organizadas na forma de fractais, onde a menor escala reflete o todo. Meu sonho atualmente é ficar o maior tempo possível longe deste grande hospício chamado universidade, ou melhor EGO!

Agora eu também vou reclamar!!!

Olá doce internet,

Neste campo sem dono que é a internet, muitos dizem que está ocorrendo uma revolução no acesso a informação, podendo todo mundo se expressar e desta forma mudarmos o mundo. Me deu até vontade de rir quando terminei essa frase, mas precisamente o final dela. Que hoje temos mais acesso a informação não tenho dúvida, que hoje todo mundo pode se expressar, também não tenho dúvida, um bom exemplo é este blog, mas a revolução, kkkkkkkkkkkk. Se alguém achar que estou muito pessimista, entrem rapidamente em alguma rede social e analisem com um olhar critico o que se passa. Agora mesmo entrei no facebook e vi uma publicação que já esta sendo postada por muita gente que diz: O povo acordou, o povo decidiu, ou para a roubalheira ou paramos o Brasil. KKKKKKKKKK!!!!! Com este, existem dezenas todo dia sendo postados nas mais diferentes formas de comunicação via internet, e mesmo assim, o Sarney continua no senado, o Cássio Cunha Lima foi o Senador mais votado na Paraíba, entre tantos que se eu for listar vou ter que abrir outro blog. Porém, paralelo a este fenômeno o mundo pega fogo, protestos na Inglaterra, na Líbia, no Chile, na Grécia, nos Estados Unidos, etc, etc, etc. E os brasileiros se gabando por ser um povo pacifico, kkkkkkkkkkk, postando sua indignação no facebook e indo assistir a novela da Globo, após ler sua Revista Veja, pra depois ler seu livro de cabeceira, que na grande maioria dos casos é um livro de Auto-ajuda. E nessa linha vou eu, reclamando pro vento, no caso pro computador, para que eu possa dormi com a consciência limpa e amanhã me indignando novamente pro computador. Quem sabe não me acham uma pessoa politizada. kkkkkkkkkk!!!