domingo, 18 de dezembro de 2011

O Brasil que o Brasil não ver!!!

Olá solitária internet,

Mas uma reportagem estarrecedora sobre a nossa realidade escondida!!!!


Relatório registra aumento de 23% nos casos de trabalho escravo em 2011 e elevação de 107% nas ameaças contra ativistas
Por Paula Salati
Caros Amigos
Nesta semana, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou dados parciais do relatório sobre os conflitos no campo no Brasil, que ocorreram no período de janeiro a setembro de 2011. As informações sobre o trabalho escravo foram as que mais chamaram a atenção. Somente neste ano, as ocorrências cresceram 23%.
Enquanto no ano de 2010 foram registradas 177 denúncias de trabalho escravo à CPT e ao Ministério do Trabalho, envolvendo 3.854 pessoas, em 2011, as ocorrências chegaram a 218 e envolveram 3.882 pessoas.
Das 218, 80 ocorrências foram na região Norte do país, área de maior índice de trabalho escravo, ainda que os números tenham diminuído em relação a 2010, quando a CPT registrou 87 ocorrências.
Crescimento
Apesar da diminuição no Norte, os casos cresceram em todas as demais regiões. Delas, destaca-se a região Centro-Oeste, que somou quase 50% do trabalho escravo no país. O Mato Grosso do Sul foi o estado que apresentou o número mais elevado, 1.322, 34% do total de pessoas envolvidas. O estado de Goiás veio em segundo lugar, com 483 trabalhadores escravizados. Proporcionalmente, porém, o Nordeste apresentou crescimento mais destacado, passando de 19 para 35 ocorrências, do ano de 2010 para 2011, um crescimento de 84%.
Para o secretário da coordenação nacional da CPT, Antônio Canuto, o aumento de registros sobre casos de trabalho escravo se deve “a um olhar mais atento da sociedade” e do Ministério Público e do Trabalho para a questão e ao crescimento da fiscalização. “Antigamente, parecia que o trabalho escravo só existia na Amazônia. Hoje já temos acesso e compilação de dados que comprovam que ele está em todos os cantos do país, no campo e na cidade também, como vimos recentemente no caso da Zara”, comenta o secretário. “No entanto, as informações que temos acesso ainda são poucas. A realidade do trabalho escravo é muito maior, isso é somente a ponta do iceberg”, complementa.
Assassinatos
O relatório também apontou que o número de assassinatos no campo teve uma redução de 32%, na comparação entre o ano de 2010 e 2011. Até o mês de novembro deste ano, foram registrados 23 assassinatos, enquanto no ano passado foram 30. “Apesar dessa diminuição numérica, existe ainda uma realidade violenta no campo. Em um ano diminui, no outro aumenta, mas a realidade da violência no campo é permanente e faz parte da própria estrutura fundiária brasileira”, diz Canuto. “E um dado que chama atenção é o caráter dos assassinatos. Dos 23 que ocorreram neste ano, 8 se tratavam de pessoas defensoras de meio ambiente. Aquilo que o ex-presidente Lula disse, no ano de 2006, que os entraves do desenvolvimento do Brasil eram as questões ambientais, pois bem, esse ‘destravamento’ está sendo feito na marra, com extrema crueldade”, declara.
Ameaças
Em contrapartida à diminuição dos assassinatos, as ameaças de morte feitas a ativistas aumentaram. Enquanto no ano de 2010 foram registradas 83 pessoas ameaçadas de morte, em 2011 o número subiu para 172, em um aumento de 107%. O secretário da CPT comenta que as ameaças são, em sua maioria, ligadas à questões ambientais e à reivindicação de quilombolas e indígenas por terra.
Vale destacar também que, das 23 pessoas assassinadas em 2011, 9,39% já haviam recebido ameaças e a maioria havia registrado ocorrência na polícia.
Para a CPT, o aumento das ameaças é reflexo dos acontecimentos que se sucederam após os assassinatos ocorridos em maio deste ano, e que ganharam grande repercussão. O primeiro caso a ganhar visibilidade na mídia foi o do casal Maria do Espírito Santo e seu esposo José Claudio Ribeiro da Silva, no Pará, que aconteceu no mesmo dia em que foi aprovado o novo Código Florestal na Câmara dos Deputados. A eles se seguiram o de Adelino Ramos, em Rondônia, um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara.  E o terceiro, já no final do ano, no Mato Grosso do Sul, do cacique Nísio Gomes.
Mudança
Após o assassinato do casal no Pará, a CPT apresentou à Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, a relação dos ameaçados de morte nos últimos dez anos, destacando que as ameaças haviam se concretizado em 42 casos. A partir disso, a informação foi bastante veiculada e as ameaças afloraram.
Para Antônio Canuto, a política do governo federal em relação ao enfrentamento dos conflitos campo e à reforma agrária, não foi efetiva nos últimos 10 anos, por não propor uma mudança de fundo na estrutura fundiária brasileira. “O Brasil continua apostando no grande capital, no agronegócio, vai até concedendo algumas migalhas, mas o que vale é o capital e a grande empresa em detrimento da sobrevivência das populações indígenas, quilombolas e do meio ambiente.”

terça-feira, 6 de dezembro de 2011