domingo, 18 de dezembro de 2011

O Brasil que o Brasil não ver!!!

Olá solitária internet,

Mas uma reportagem estarrecedora sobre a nossa realidade escondida!!!!


Relatório registra aumento de 23% nos casos de trabalho escravo em 2011 e elevação de 107% nas ameaças contra ativistas
Por Paula Salati
Caros Amigos
Nesta semana, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou dados parciais do relatório sobre os conflitos no campo no Brasil, que ocorreram no período de janeiro a setembro de 2011. As informações sobre o trabalho escravo foram as que mais chamaram a atenção. Somente neste ano, as ocorrências cresceram 23%.
Enquanto no ano de 2010 foram registradas 177 denúncias de trabalho escravo à CPT e ao Ministério do Trabalho, envolvendo 3.854 pessoas, em 2011, as ocorrências chegaram a 218 e envolveram 3.882 pessoas.
Das 218, 80 ocorrências foram na região Norte do país, área de maior índice de trabalho escravo, ainda que os números tenham diminuído em relação a 2010, quando a CPT registrou 87 ocorrências.
Crescimento
Apesar da diminuição no Norte, os casos cresceram em todas as demais regiões. Delas, destaca-se a região Centro-Oeste, que somou quase 50% do trabalho escravo no país. O Mato Grosso do Sul foi o estado que apresentou o número mais elevado, 1.322, 34% do total de pessoas envolvidas. O estado de Goiás veio em segundo lugar, com 483 trabalhadores escravizados. Proporcionalmente, porém, o Nordeste apresentou crescimento mais destacado, passando de 19 para 35 ocorrências, do ano de 2010 para 2011, um crescimento de 84%.
Para o secretário da coordenação nacional da CPT, Antônio Canuto, o aumento de registros sobre casos de trabalho escravo se deve “a um olhar mais atento da sociedade” e do Ministério Público e do Trabalho para a questão e ao crescimento da fiscalização. “Antigamente, parecia que o trabalho escravo só existia na Amazônia. Hoje já temos acesso e compilação de dados que comprovam que ele está em todos os cantos do país, no campo e na cidade também, como vimos recentemente no caso da Zara”, comenta o secretário. “No entanto, as informações que temos acesso ainda são poucas. A realidade do trabalho escravo é muito maior, isso é somente a ponta do iceberg”, complementa.
Assassinatos
O relatório também apontou que o número de assassinatos no campo teve uma redução de 32%, na comparação entre o ano de 2010 e 2011. Até o mês de novembro deste ano, foram registrados 23 assassinatos, enquanto no ano passado foram 30. “Apesar dessa diminuição numérica, existe ainda uma realidade violenta no campo. Em um ano diminui, no outro aumenta, mas a realidade da violência no campo é permanente e faz parte da própria estrutura fundiária brasileira”, diz Canuto. “E um dado que chama atenção é o caráter dos assassinatos. Dos 23 que ocorreram neste ano, 8 se tratavam de pessoas defensoras de meio ambiente. Aquilo que o ex-presidente Lula disse, no ano de 2006, que os entraves do desenvolvimento do Brasil eram as questões ambientais, pois bem, esse ‘destravamento’ está sendo feito na marra, com extrema crueldade”, declara.
Ameaças
Em contrapartida à diminuição dos assassinatos, as ameaças de morte feitas a ativistas aumentaram. Enquanto no ano de 2010 foram registradas 83 pessoas ameaçadas de morte, em 2011 o número subiu para 172, em um aumento de 107%. O secretário da CPT comenta que as ameaças são, em sua maioria, ligadas à questões ambientais e à reivindicação de quilombolas e indígenas por terra.
Vale destacar também que, das 23 pessoas assassinadas em 2011, 9,39% já haviam recebido ameaças e a maioria havia registrado ocorrência na polícia.
Para a CPT, o aumento das ameaças é reflexo dos acontecimentos que se sucederam após os assassinatos ocorridos em maio deste ano, e que ganharam grande repercussão. O primeiro caso a ganhar visibilidade na mídia foi o do casal Maria do Espírito Santo e seu esposo José Claudio Ribeiro da Silva, no Pará, que aconteceu no mesmo dia em que foi aprovado o novo Código Florestal na Câmara dos Deputados. A eles se seguiram o de Adelino Ramos, em Rondônia, um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara.  E o terceiro, já no final do ano, no Mato Grosso do Sul, do cacique Nísio Gomes.
Mudança
Após o assassinato do casal no Pará, a CPT apresentou à Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, a relação dos ameaçados de morte nos últimos dez anos, destacando que as ameaças haviam se concretizado em 42 casos. A partir disso, a informação foi bastante veiculada e as ameaças afloraram.
Para Antônio Canuto, a política do governo federal em relação ao enfrentamento dos conflitos campo e à reforma agrária, não foi efetiva nos últimos 10 anos, por não propor uma mudança de fundo na estrutura fundiária brasileira. “O Brasil continua apostando no grande capital, no agronegócio, vai até concedendo algumas migalhas, mas o que vale é o capital e a grande empresa em detrimento da sobrevivência das populações indígenas, quilombolas e do meio ambiente.”

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A resistência continua

Olá doce Internet,

O que a tv não mostra da forma que deve ser mostrada.

Occupy London: A resistência continua

Occupy London_2



Por Sue Iamamoto
Especial para Caros Amigos
ocuppy int_2O plano inicial era ocupar a bolsa de valores, a London Stock Exchange, em solidariedade ao movimento de Occupy Wall Street e às acampadas espanholas. Contudo, no dia 15 de outubro, centenas de manifestantes se encontraram com uma barreira policial intransponível e acabaram acampando no pátio da catedral de Saint Paul, a poucos metros da bolsa.
De lá para cá, nesses quase cinquenta dias do Occupy Londres, as escadarias da igreja se tornaram sinônimo de debate político e o combate às corporações financeiras deixou de ser uma palavra de ordem abstrata para se tornar uma atividade cotidiana.
99%
O slogan global “nós somos 99%” foi se transformando em uma batalha objetiva, materializada em uma conjuntura local que combina a nata dos interesses financeiros internacionais com um brutal recorte de verbas sociais promovido pelo governo conservador de David Cameron.
A catedral se localiza em meio ao distrito financeiro, a City de Londres, cuja administração é bastante peculiar. Apesar de ser percebido como um governo local como qualquer outro, a City elege seus representantes em um sistema de tons medievais, que inclui o voto corporativo das empresas sediadas no local. Uma das principais funções da sua autoridade máxima, o Lord Mayor, é viajar pelo mundo para promover os “valores da liberalização”, defendendo os interesses da comunidade empresarial e promovendo a City como “uma liderança global em finanças internacionais e negócios”. A City de Londres é um dos exemplos mais extremos de apropriação literal de entidades públicas pelos interesses corporativos.
Segredos de alcova
Assim, quando a City de Londres começou a pressionar os manifestantes com ações legais de despejo, eles estabeleceram como condição inicial de diálogo maior transparência, demandando que a City: 1) publicasse minuciosamente suas movimentações financeiras; 2) se submetesse à Lei de Liberdade de Informação, que é aplicável a todas as entidades públicas britânicas com exceção da City; e 3) detalhasse “todos os serviços de advocacy empreendidos em nome das indústrias financeiras e banqueiras desde a crise financeira de 2008”. A City não respondeu a estas ocuppy int_1demandas e entrou com medidas legais contra a ocupação.
Recentemente, o movimento atacou um novo alvo: o banco suíço UBS. Um grande edifício pertencente ao banco e abandonado há anos foi ocupado na madrugada de 17 de novembro. A ação foi chamada de “repossessão”: “enquanto os bancos repossuem casas de família, as propriedades vazias dos bancos precisam ser repossuídas pelo público”, disse o apoiador do movimento Jack Holburn, em uma declaração logo após a ocupação. Nos últimos três meses, 9 mil famílias foram expulsas de suas casas por não conseguirem pagar hipotecas. O UBS, em particular, esteve envolvido em um esquema controvertido de venda de hipotecas a idosos pensionistas. Além disso, o banco foi um dos socorridos por dinheiro público (60 bilhões de dólares) durante a crise de 2008.
Fazer Melhor
“Aprendemos que o governo falhou em criar benefícios públicos a partir da falência dos bancos. Nós podemos fazer melhor. Esperamos que esta seja a primeira de uma onda de ‘repossessões públicas’ de propriedades pertencentes às companhias que acabaram com a economia global”, continua Holburn.
O edifício foi rebatizado de “Banco das Ideias”. Na sua primeira semana de funcionamento, o espaço foi sede de diversas atividades culturais e espaços de formação política. Segundo a ativista Sarah Layler, a ideia é “disponibilizar espaços para aqueles que perderam creches, centros comunitários e juvenis graças à selvageria dos cortes governamentais”.
No dia 30 de novembro está marcada uma grande greve do serviço público, em repúdio aos recortes sociais promovidos pelo governo de David Cameron. Sindicatos indicam a paralização de 3 milhões de trabalhadores. Para promover as atividades de protesto, o movimento de ocupação percorreu Londres durante essa semana levando o seguinte cartaz: “Resgatem o povo, não os bancos! Vejo você em 30 de novembro”.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Tentando entender o mundo

Olá Cara internet,

Este texto mostra um pouco mais o que acontece na USP e a mídia não mostra.


USP: Privatização e militarização

por Francisco Alambert, Francisco de Oliveira, Jorge Grespan, Lincoln Secco, Luiz Renato Martins e Marcos Soares, sugestão de Ricardo Maciel
As razões da militarização do campus da USP transcendem os limites e dados recentes a partir dos quais tem sido discutida. Por que não propor a mudança do teor ermo e rural do campus por sua urbanização efetiva, o aumento de cursos noturnos etc.?
Em vez disso, a reitoria traz coturnos, controles e revistas, rasantes de helicópteros, que rasgam o pensamento e a escuta (que atenção resiste à rotação das hélices?), e bombas; logo virão cães… Insiste em ações de respostas e sequelas imprevisíveis. Já se tem os vultos cauta e justamente encapuzados dos nossos estudantes contra a reitoria ditatorial e policialesca.
Por que a insistência no trauma, na indignidade, no modo custoso e descabido? A verdade é que a militarização, ou terceirização da segurança, deriva da privatização em curso da USP.
Combina-se ao sucateamento, no campus, do hospital, da moradia estudantil e do transporte, aos cursos pagos e escritórios externos. Com que fim? Recordemos.
O primeiro ato da gestão Serra foi criar a Secretaria de Ensino Superior, englobando as universidades estaduais e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com orçamento de grande estatal, superior ao de Estados.
O pacote privatista cindia pesquisa e ensino, sediava a pesquisa em ilhas, associando-a a empresas, substituía o ensino presencial por telecursos e submetia o todo a critérios empresariais.
Resultou em greves por todo o Estado, na primeira ocupação da reitoria da USP (maio-junho, 2007) e na demissão do secretário Pinotti.
O governo, porém, não desistiu. Passou a priorizar a liquidação do movimento que obstou o primeiro carro-chefe da campanha de Serra à Presidência. Fez a reitoria nomear um investigador de polícia como diretor de segurança da USP no final do ano de 2007.
Os furtos no campus seguiram, mas o alvo era outro: em 2008, a reitoria demitiu um dirigente sindical, apesar da imunidade constitucional do cargo, e implantou a estratégia de processos administrativos e penais seriais contra os sindicalistas e estudantes.
À rádio Bandeirantes, o reitor afirmou, em 2010, que a USP era como os “morros do Rio” e que requeria uma intervenção como a do Haiti. Hoje, cinco dirigentes sindicais encontram-se em vias de demissão, até por “crime de opinião”, e 25 estudantes, às portas da expulsão, com base em artigo que proíbe a difusão de ideias políticas no campus; com as prisões recentes dos 73, ascende a quase cem a lista dos estudantes perseguidos.
De fato, a USP, sem acesso universalizado — ao contrário de universidades públicas da Argentina e do México—, ainda não se pôs, como deve, a serviço da sociedade como um todo.
Está, no entanto, a sociedade ciente do processo em curso e disposta a prosseguir na dilapidação e cessão a grupos privados do enorme potencial da universidade?
O reitor Rodas acelera vertiginosamente a fratura social e política da USP. É preciso caminhar para uma estatuinte, sem o que não haverá concórdia e paz.
Os problemas da USP, inclusive os de malversação e de uso obscuro de bens, são em sua raiz políticos, e se reproduzem por um regimento herdado do autoritarismo, que fere toda ordem democrática.
Sua solução passa, como a do país, pelo sufrágio universal, pela abertura social, pela preservação da gratuidade, pela multiplicação de cursos noturnos e pelo incentivo a pesquisas em diálogo real com as necessidades nacionais.
Francisco Alambert é professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP).
Francisco de Oliveira é professor emérito da FFLCH-USP.
Jorge Grespan é professor da FFLCH-USP.
Lincoln Secco é professor da FFLCH-USP.
Luiz Renato Martins é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP.
Marcos Soares é professor da FFLCH-USP.
Fonte:
http://www.viomundo.com.br/politica/usp-privatizacao-e-militarizacao.html
 
 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A voz do povo? que se foda o povo!!!!

Olá doce internet,

Não sei se todos vem acompanhando o que acontece no mundo, mas o que eu tenho visto é que a voz do povo em países tidos como democráticos está cada vez mais rouca e se apagando. Podemos começar a conversa com o que está acontecendo na Grécia, país berço da dita democracia, onde um simples aceno do governo em consultar a população, destituiu o então Primeiro-Ministro, pois que absurdo o povo ser ouvido. Mais uma vez a democracia de mercado ganhou o páreo. Depois da Grécia, a bola da vez é a Itália, que a anos vem sendo bombardeada por denuncias contra o fanfarão Silvio Belusconi, que continuava no poder mesmo com diversas manifestações populares pedindo sua renuncia sem exito, porém, com um leve aceno do mercado ele foi deposto de um dia para o outro.  Mostrando mais uma vez o quanto a população tem voz em nossos países democráticos. Essa semana também podemos acompanhar a retirada a força dos manifestantes do movimento "Occupy Wall Street" e agora os cidadão do país onde todos tem voz, tem que ser revistados para ter acesso a um espaço publico. O nosso querido Brasil não ficou de fora, manifestantes que ocupavam a reitoria da USP, cerca de 70 estudantes, foram retirados pela equipe da ROTA, a mesma que atua em rebeliões em presídios e contra o crime organizado. O pior é que grande parte da nossa sociedade aplaudiu de pé a retirada. Outros exemplos do uso da força policial contra manifestações não faltam, quem não lembra da marcha da maconha que foi proibida inicialmente e fortemente combatida pela policia no Brasil a fora e novamente a sociedade aplaudiu. A simplificação das discussões por parte da mídia e da sociedade como um todo é uma crescente, onde é mais fácil desabilitar uma discussão do que realmente discutir. Cuidado o estado de vigilância está instalado, não se pode discutir nada que fuja da falsa moral imposta, setores religiosos crescem e com eles seus cérebros atrofiados e suas concepções tacanhas de mundo, a globalização está ai para vigiar sua vida e para dizer o que você deve fazer e consumir, o livre pensar está condenado, viva George Orwell e seu 1984!!!!!! Vamos abrir os olhos ou melhor a boca, antes que nossa voz seja sucumbida pelo estado de conformismo implantado e fiquemos mudos de uma vez por todas. 

sábado, 19 de novembro de 2011

O que a mídia não mostra

Comunidade Kaiowá Guarani sofre massacre na manhã desta sexta-feira, 18

Por Renato Santana

No início da manhã desta sexta-feira (18), por volta das 6h30, a comunidade Kaiowá Guarani do acampamento Tekoha Guaviry, município de Amambaí, Mato Grosso do Sul (MS), sofreu ataque de 42 pistoleiros fortemente armados.

O massacre teve como alvo o cacique Nísio Gomes, 59 anos (na foto), executado com tiros de calibre 12. Depois de morto, o corpo do indígena foi levado pelos pistoleiros – prática vista em outros massacres cometidos contra os Kaiowá Guarani no MS. 

As informações são preliminares e transmitidas por integrantes da comunidade – em estado de choque. Devido ao nervosismo, não se sabe se além de Nísio outros indígenas foram mortos. Os relatos dão conta de que os pistoleiros sequestraram mais dois jovens e uma criança; por outro lado, apontam também para o assassinato de uma mulher e uma criança.

“Estavam todos de máscaras, com jaquetas escuras. Chegaram ao acampamento e pediram para todos irem para o chão. Portavam armas calibre 12”, disse um indígena da comunidade que presenciou o ataque e terá sua identidade preservada por motivos de segurança.

Conforme relato do indígena, o cacique foi executado com tiros na cabeça, no peito, nos braços e nas pernas. “Chegaram para matar nosso cacique”, afirmou. O filho de Nísio tentou impedir o assassinato do pai, segundo o indígena, e se atirou sobre um dos pistoleiros. Bateram no rapaz, mas ele não desistiu. Só o pararam com um tiro de borracha no peito.

Na frente do filho, executaram o pai. Cerca de dez indígenas permaneceram no acampamento. O restante fugiu para o mato e só se sabe de um rapaz ferido pelos tiros de borracha – disparados contra quem resistiu e contra quem estava atirado ao chão por ordem dos pistoleiros. Este não é o primeiro ataque sofrido pela comunidade, composta por cerca de 60 Kaiowá Guarani. 

Decisão é de permanecer
Desde o dia 1º de novembro, os indígenas ocupam um pedaço de terra entre as fazendas Chimarrão, Querência Nativa e Ouro Verde – instaladas em Território Indígena de ocupação tradicional dos Kaiowá.

A ação dos pistoleiros foi respaldada por cerca de uma dezena de caminhonetes – marcas Hilux e S-10 nas cores preta, vermelha e verde. Na caçamba de uma delas o corpo do cacique Nísio foi levado, bem como os outros sequestrados, estejam mortos ou vivos.

"O povo continua no acampamento, nós vamos morrer tudo aqui mesmo. Não vamos sair do nosso tekoha”, afirmou o indígena. Ele disse ainda que a comunidade deseja enterrar o cacique na terra pela qual a liderança lutou a vida inteira. “Ele está morto. Não é possível que tenha sobrevivido com tiros na cabeça e por todo o corpo”, lamentou.

A comunidade vivia na beira de uma Rodovia Estadual antes da ocupação do pedaço de terra no tekoha Kaiowá. O acampamento atacado fica na estrada entre os municípios de Amambaí e Ponta Porã, perto da fronteira entre Brasil e Paraguai.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pare, olhe, pense

Olá amarga internet,

Alguns textos para pensarmos e entender o que está acontecendo na USP e como isto é um reflexo da nossa sociedade cada vez mais repressora. Nunca desafie a Matrix.


PROFESSORA ANA FANI E A AULA QUE NÃO ACONTECEU

por Ana Fani Alessandri Carlos, por sugestão do professor Ricardo Musse
Caros estudantes
Foi com grande indignação e imensa tristeza que vi na última quinta  feira a PM invadir o espaço da universidade e, ao fazê-lo, impor sua violenta racionalidade à vida cotidiana do campus. As “forças da ordem” instauraram o caos, usurpando a liberdade necessária e indispensável à realização de nosso trabalho, com o discurso da manutenção da mesma “ordem” que ele subverteu.
Não é difícil reduzir sua ação ao combate do tráfico de drogas sob o argumento de que o tratamento ao usuário de droga pego em flagrante deve ser o mesmo para todos os cidadãos sejam eles estudantes ou não, estejam eles no campus universitário ou fora dele.
A questão está longe de se resumir a esta ação/atitude. A situação em que nos encontramos é muito mais complexa. Trata-se do modo como o uso da força é justificado pelas autoridades. Assim a presença impositiva de uma fileira de motos, um despropositado número de PMs no
estacionamento do prédio da História/Geografia, para autuar três estudantes (antecedidos por blitz constrangedoras e cada vez mais freqüentes aos estudantes da USP) com seus gadgets, somados á bombas de “efeito moral” instauram o caos e impediram que a atividade fim da
universidade se realizasse. Além do que acabaram gerando mais violência e, com ela, um impasse, cujo desfecho certamente recaíra – como de hábito, pela punição aos mais fracos.
Consequentemente, trata-se de buscar a real origem de todo este caos que invade a vida cotidiana do campus subtraindo-lhe o sentido, e não poderia ser outra senão a lógica que orienta as atitudes da atual gestão universitária. Tal atitude vem revelando um desconhecimento do
papel e sentido histórico desta instituição pública, preocupada que esta em atender as exigências do mercado – no discurso tratado como aproximação entre universidade-sociedade (seja lá o que isto quer dizer!)
Os crimes de todos os tipos e assassinatos não podem e devem ser aceitos passivamente, nem no campus, nem fora dele, mas suas origens parecem não estar suficientemente claros, o que parece certo, todavia que com violência e negação de direitos civis estaremos cada vez mais distante da busca de possíveis e desejadas soluções.
Certamente, trata-se de formar nossos estudantes na busca da compreensão do fato de que o consumo inocente de um baseado reproduz o circuito do narcotráfico fundado numa violência ainda maior do que a da PM, e cuja existência impede o mais simples convívio social nas
áreas de sua atuação direta, bem como, no plano da sociedade a realização de um projeto que busque a realização do direto à cidade, a realização da cidadania plena e a subversão da situação de desigualdade que funda a sociedade brasileira.
Certamente os estudantes envolvidos nesta batalha devem ser totalmente favoráveis à superação desta condição de desigualdade que inclusive impede que a maioria daqueles que se encontram na mesma faixa etária tenham acesso à mesma universidade pela qual estamos todos engajados em sua defesa.
Abrir os portões da USP para a PM, vem revelando – em curto espaço de tempo – esta foi uma saída é, no mínimo, irresponsável.
A gestão da USP, ao abrir mão de suas atribuições, vem de forma consistente destituindo a universidade de seus conteúdos e sentido.
Para citar um caso dos mais graves, lembramos, aqui, os programas de pós-graduação deixados – pesquisadores e estudantes, com suas pesquisas – à mercê das instituições de fomento que vem impondo, no lugar do debate acadêmico, a competição entre programas e pesquisadores em busca de linhas em seus currículos lattes.
Competição esta, agora exacerbada pela nova lógica da carreira docente que faz com que o vizinho de sua porta se torne o inimigo a ser combatido por pontos pela progressão na carreira.
Na busca por estes objetivos, os prazos se tronam cada vez mais apertados esvaziando o ato de conhecer como ato de habitar o tempo lento da reflexão, agora, invadida pela quantificação.
Com isso é nosso trabalho que é completamente destituído de sentido, e o conhecimento produzido redunda em mera banalidade ou meras constatações. Agora, na mesma lógica que terceiriza a pós-graduação, a Universidade terceiriza mais uma das atividades que permite a
realização de seus objetivos – a segurança do/no campus.
A cada passo as sucessivas gestões parecem perder pouco a pouco sua legitimidade para levar a universidade para o futuro, prolongando uma história de conquistas tanto no plano do conhecimento da realidade brasileira – agora comprometido pelo tempo veloz com que precisamos produzir textos,artigos, orientações, patentes, etc- quanto no cenário político brasileiro em sua luta contra a ditadura.
Que projeto vislumbrar? Que futuro podemos construir? Sem dúvida o coletivo desta grande universidade precisa apontar novas possibilidades e caminhos mirando o futuro, mas aprendendo com nossa  história…..
Professora Dra. Ana Fani Alessandri Carlos
Departamento de Geografia da FFLCH/USP


WILSON CORREIA: USP, REPRESSÃO OU EDUCAÇÃO?

por Wilson Correia
Pobre sociedade que militariza suas universidade e criminaliza sua comunidade acadêmica, pois isso é confessar o fracasso dessa instituição social cuja tarefa primeira é a de propiciar os meios necessários à auto-formação humana, para o trabalho e para a cidadania pelo homem e pela mulher.
Por isso, vale lembrar que o Art. 207 da Constituição Federal de 1988 estabelece a autonomia universitária nos seguintes termos: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
A autonomia é o anteparo jurídico-institucional (e, consequentemente, didático, científico, administrativo, financeiro e patrimonial) voltado, exclusivamente, para o resguardo da liberdade de cátedra: de ensinar, pesquisar e fazer ação extensionista da universidade, pertencente ao povo que a mantém.
Como saber arrasta consigo certa substância do poder, entendo que a autonomia universitária visa a proteger a universidade da mistura entre o poder-saber e poder-partidário, esse dos diversos grupos políticos que se aboletam nas esferas públicas com o intuito de usarem a educação como plataforma programática político-partidária.
A história –sábia mestra– apresenta-nos carradas de fatos em meio aos quais a liberdade de pensamento foi posta no lixo por conta de caprichos idiossincráticos profundamente questionáveis. Aliás, foram esses acontecimentos que motivaram a construção da autonomia universitária (Sócrates, Giordano Bruno, Galileu Galilei, entre outros, aí lembrados).
Na esteira desse entendimento, fez-se tradição o campus universitário ser também ele um domínio que usa leis próprias, na independência que visa a proteger a produção científica e filosófica de possíveis influências externas impossibilitadoras da liberdade acadêmico-universitária.
Vivo a universidade desde 1989. Sempre testemunhei o entendimento de que polícia não deve funcionar no interior de um campus universitário. No máximo, que cada universidade tenha sua Guarda Universitária própria, voltada para a atividade-fim implicada nas práticas educativas, e não para ações mobilizadoras de aparatos repressivos, quaisquer que sejam eles.
O papel da instituição social chamada universidade é de usar práticas pedagógicas, mas se abster de lançar mão da violência estatal, preterida porque deriva do monopólio da força de que o Estado sempre gozou, exatamente porque os processos universitários são lastreados na liberdade, na educabilidade e na perfectibilidade humana de que todos os homens e mulheres podem lançar mão.
Quando a força da repressão passa a ser a opção de uma instituição educativa, como agora acontece na USP, em que a repressão suplanta a educação, isso revela que sua missão primeira –a de educar– foi colocada em xeque, está falida ou não desfruta mais da legitimidade que a autonomia universitária lhe confere. Essa medida, então, torna-se profundamente preocupante.
Será que a universidade chegou mesmo ao fundo do poço? Será que a universidade não acredita mais em sua competência educativa? Será que a universidade aderiu de vez ao senso comum por aí alardeado de que para se lidar com drogas a única “droga” é a repressão?
Aliás, reprimir o uso de drogas em lugar de educar para que a juventude saiba lidar com esse dado de nossa realidade é mesmo uma função da instituição universitária? Estamos assistindo à inversão das finalidades institucionais da universidade?
Que a autonomia universitária seja a trilha que mostre para a universidade que o seu precípuo papel é o de educar, possibilitando a auto-formação. Deixemos a repressão para quem dela necessita: os “ordeiros” que não suportam as diferenças e nem querem fazer com que a justiça social e a ética vigorem, facilitando, assim, que forças legalistas e repressivas prosperem para nos asfixiar.
Wilson Correia é Doutor em Educação pela UNICAMP e Adjunto em Filosofia da Educação no Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Fontes
http://desonsetempos.blogspot.com/

VI O MUNDO: o que você não vê na mídia

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Tentando entender o que acontece no mundo

Olá amável internet,

Mas um vídeo que pode ajudar a entender o que passa no mundo. Novamente volto a repetir, um povo que não conhece a historia, está condenado a repeti-la.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Tentando entender o mundo

Olá Internet,

Este documentário mostra um pouco como nossa sociedade de consumo se constituiu.

Democracia?

Olá Internet,

Um vídeo de uma das maiores mentes do século XX sobre qual é a nossa democracia. A gente precisa de novos Saramagos!!!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Tentando entender o mundo!!!


BRASIL FAZ O JOGO DO IMPERIALISMO NO HAITI
Didier Dominique, professor universitário haitiano:

"O povo odeia as forças de ocupação da ONU".
Texto e foto: Bruno Zornitta - contato@fazendomedia.com
A ocupação militar no Haiti é parte de um projeto definido pela política dos governos estadunidenses, organizado pelas multinacionais - principalmente dos EUA e Canadá - e aplicado pela burguesia haitiana do ramo têxtil. A denúncia foi feita pelo professor da Universidade Federal do Haiti e coordenador do movimento Batalha Operária Didier Dominique, em entrevista coletiva realizada no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro na última sexta-feira, dia 9 de março de 2007.
No mesmo dia, o professor participou de um debate no Sindicato dos Engenheiros do Rio (Senge-RJ), que reuniu diversos movimentos sociais. Didier está em caravana pelo Brasil, com sua esposa, a antropóloga Rachel Beauvoir Dominique, pela ampliação da campanha em apoio ao Haiti, a favor da retirada das tropas estrangeiras, do fim do saque financeiro e da reparação das dívidas históricas, sociais e ecológicas com aquele país.
"O povo odeia as forças de ocupação da Minustah (Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti), diferentemente do que mostra a mídia. O que são forças de paz? Paz para a exploração burguesa? Paz para a dominação imperialista? Paz de cemitério? Na verdade, a solidariedade do governo brasileiro, supostamente com o Haiti, é uma solidariedade de classes dominantes do Brasil, do Haiti e dos EUA para a exploração da mão-de-obra haitiana. Isso está claro", afirma Didier.

Destruindo a economia
A ocupação econômica do Haiti precedeu a ocupação militar. Didier conta que a estratégia começou na época em que Ronald Regan era o presidente estadunidense, com a aprovação do Caribbean Basin Initiative [ver www.mac.doc.gov/CBI], tratado comercial que tinha o objetivo de proletarizar as massas dos países da América Central e Caribe para que estas servissem de mão-de-obra barata às fábricas de tecido. Empresas estadunidenses e canadenses, como Levy-Strauss, Gap, Wangler, Disney e Sara Lee, foram para o México primeiro, depois para a América Central - Honduras, Nicarágua, Guatemala, El Salvador - e finalmente para o Caribe. "Isso já estava planejado. É uma coisa importante que quero dizer. É um plano escrito, pensado e aplicado pelos governos estadunidenses", diz o professor.

O plano em questão consistiu em destruir os principais eixos da economia haitiana. Nesse sentido, por pressão dos produtores de carne estadunidenses e com o pretexto de uma onda de febre suína, os EUA mataram todos os porcos crioulos do Haiti, entre 1978 e 1982. Naquele ano, o Haiti era o principal produtor de carne suína do Caribe, com mais de 2 milhões de cabeças. Os EUA e o BID gastaram 25 milhões de dólares para matar os porcos, em um processo que gerou muito desmatamento e violência perante a resistência dos camponeses. O relatório da Missão Internacional de Investigação e Solidariedade com o Haiti, que esteve no país em 2005 e 2006, aponta os responsáveis por esse crime: Governo dos EUA, FAO, Usaid e BID.
Além disso, foram sabotadas também as indústrias de açúcar, arroz e café haitianos. Durante a década de 80, engenhos de açúcar foram comprados e fechados pelas multinacionais. O Haiti, que antes tinha açúcar para todo o povo e ainda exportava o excedente, hoje importa 100% do que consome. Na década de 90, foram firmados acordos com a Rice Corporation, que praticoudumping (mecanismo que consiste em embutir subsídios para competir de forma desigual) com o arroz estadunidense. Em três anos, a produção caiu 70%. Hoje o arroz estadunidense é vendido bem caro, mas já não há produção haitiana. E o café sofre com a falta de mão-de-obra, devido à decomposição do mundo rural, que causou migração para as cidades e o conseqüente inchaço das favelas.

As zonas francas e a neo-escravidão
A estratégia de ocupação econômica inclui o estabelecimento de "zonas francas" no Haiti, áreas que as multinacionais arrendam do Estado para construir suas fábricas. São áreas onde o Estado haitiano não tem jurisdição, como a área de uma embaixada. Também não há instância internacional que possa julgar as multinacionais que atuam nas zonas francas, o que na prática as transforma em "terra sem lei", favorecendo a exploração injusta dos trabalhadores. O acordo que permitiu o estabelecimento de zonas francas no Haiti foi assinado em 2002 pelo então presidente Aristide e isenta as multinacionais de qualquer pagamento de impostos.

A mão-de-obra barata nas zonas francas tem grande importância para as outras indústrias, porque baixam os salários, que são definidos nessas zonas, e não pela indústria nacional. As multinacionais, nessa lógica de exploração, necessitam da miséria generalizada do povo, para que o trabalhador busque emprego nas zonas francas, pois fora delas a situação chega a ser pior. Didier conta que a burguesia haitiana vê a mão-de-obra barata como uma "vantagem comparativa" do país. A mão-de-obra no Haiti é a mais barata de todo o continente.

Interesses militares
Com o terrorismo econômico praticado contra o Haiti, a polícia do país em um dado momento se viu incapaz de manter a ordem. Por isso, a ONU, a convite dos governos e partidos políticos haitianos, enviou as forças armadas. Em 1° de junho de 2004 chega ao país a Minustah, comandada pelo Brasil.

As forças de ocupação estão integradas por 7.495 efetivos de aproximadamente 30 países de todos os continentes. "É importante notar que Cuba e Venezuela não participam. Bolívia e Equador estão agora retirando suas forças, depois da eleição de Evo Morales e Rafael Correa. Note também que Zapatero tirou as tropas do Iraque e do Haiti quando tornou-se primeiro ministro na Espanha. Havia 300 espanhóis no Haiti", diz Didier. O Brasil, na opinião do professor, faz o jogo do império estadunidense no Haiti, em busca de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
São muitos os interesses em jogo na ocupação. O relatório da Missão Internacional de Investigação e Solidariedade com o Haiti levanta uma série de perguntas: "Qual é a 'ameaça à paz e a segurança internacional da região' levantada pelo Conselho de Segurança da ONU para justificar o estabelecimento da Minustah? É o temor dos EUA de receber mais uma onda de refugiados haitianos, fugindo da pobreza e da exclusão em embarcações precárias? É a possibilidade de perder o controle sobre uma zona geopolítica estratégica? A simultaneidade da revolta no Haiti e o aumento das pressões de Washington sobre a Venezuela e a multiplicação das ameaças dos EUA a Cuba é simplesmente uma coincidência?".
A essa última questão, Didier responde que os EUA estão construindo uma base militar a noroeste do país, em frente ao litoral cubano, e negociando outra base ao sul, frente à Venezuela. Ou seja, a localização do país é extremamente importante na estratégia imperialista dos Estados Unidos para a América Latina e o Caribe.
Para o professor e militante do movimento social haitiano só há uma saída para reverter esse quadro: a mobilização do povo, seguindo seus próprios interesses, com autonomia. "Nossa campanha não é de solidariedade com o Haiti, mas como o povo haitiano, com as lutas do povo", afirma Didier.